ATA DA SEXTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 17.04.97.
Aos dezessete dias do mês de
abril do ano de mil novecentos e
noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às dezenove
horas, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre
ao Senhor Ailton Ferreira de Albuquerque, nos termos do Projeto de Lei do Legislativo nº 165/96 (Processo
nº 2824/96), de autoria do ex-Vereador Artur Zanella, com Sessão Solene
solicitada pela Mesa Diretora desta Câmara. Compuseram a Mesa: o Vereador
Reginaldo Pujol, 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, neste
ato no exercício da Presidência; o Senhor José Fortunati, Prefeito Municipal de
Porto Alegre, em exercício; o Senhor Ailton Ferreira de Albuquerque,
Homenageado; o Doutor Luiz Carlos Mello, Delegado Regional do Trabalho,
representando o Senhor Ministro do Trabalho; o Tenente-Coronel Tadeu Luiz de
Oliveira, representante do Comandante-Geral da Brigada Militar do Estado do Rio
Grande do Sul; o Doutor Luiz Soares, representando o Deputado Federal Jair
Soares e a Assembléia Legislativa do
Estado do Rio Grande do Sul; o ex-Vereador Artur Zanella; a Vereadora Anamaria
Negroni, na ocasião, Secretária "ad hoc". Em prosseguimento, o Senhor
Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino
Nacional. Em continuidade, procedeu à leitura das mensagens recebidas em alusão
à presente homenagem e, ainda, registrou as presenças, como extensão da Mesa,
dos Senhores Ailton Júnior e Cristiane de Albuquerque, filhos do Homenageado,
do Senhor Artur Albuquerque, Presidente da Sociedade Reino de Oxalá, do Senhor Marçal Fortes Neto, representando
o Templo de Umbanda Nagô Reino dos Orixás e a Fundação Mohab Caldas de Umbanda
e Africanismo, do Pai Luís de Oxalá, Delegado Afro-Brasileiro de São Paulo, e
do Pai Mário Araújo da Silveira, da Sociedade Africana Nossa Senhora das Dores.
Também, registrou as presenças das Senhoras Ieda, Ana e Berenice, irmãs do
Homenageado, e de diversos representantes
do culto afro-brasileiro, bem como de representações do Uruguai e da Argentina.
Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao ex-Vereador
Artur Zanella, que saudou o Senhor Ailton Ferreira de Albuquerque, referindo-se
ao passado histórico desta Casa e ao significado da presente homenagem, como o
reconhecimento da comunidade porto-alegrense da importância das religiões
africanistas na formação étnica de nosso povo. A seguir, o Senhor Presidente
convidou todos para, em pé, assistirem
à entrega, pelo Prefeito em exercício, Senhor José Fortunati, e pelo
ex-Vereador Artur Zanella, respectivamente, do Diploma e da Medalha referentes
à concessão do Título Honorífico de
Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Ailton Ferreira de Albuquerque. Em
continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Ailton Ferreira
de Albuquerque, que agradeceu o Título recebido, compartilhando-o com seus
companheiros, amigos e familiares, discorreu sobre a vitória espiritual sentida, tanto pelas ações já concretizadas
quanto por aquelas que ainda acontecerão, e, após, procedeu à entrega de
presente ao ex-Vereador Artur Zanella. A seguir, o Senhor Presidente convidou a
filha do Homenageado, Senhora Cristiane
de Albuquerque, para efetuar a entrega de brasão da Cidade de Porto
Alegre, cunhado em ouro, ao Senhor Ailton Ferreira de Albuquerque. Em
prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à
execução do Hino Rio-Grandense e, às vinte horas e vinte e dois minutos, nada
mais havendo a tratar, convidou os presentes para coquetel a ser oferecido no
saguão do primeiro andar da Casa e declarou encerrados os trabalhos, convocando
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Reginaldo Pujol e
secretariados pela Vereadora Anamaria Negroni,
esta como Secretária "ad hoc". Do que eu, Anamaria Negroni,
Secretária "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º
Secretário e Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Na condição de Vice-Presidente desta Casa, tenho a
satisfação de dar por abertos os trabalhos da 6ª Sessão Solene, da 1ª
Legislatura Ordinária, da 12ª Legislatura da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Sessão esta destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre
ao Sr. Ailton Ferreira de Albuquerque. Solicito que nos dê o prazer de assumir
lugar à Mesa dos trabalhos, à minha direita, o nosso homenageado, a quem eu
quero que todos recebam com uma salva de palmas. (Palmas.) Com idêntica
satisfação convido para ocupar a Mesa dos trabalhos S.Ex.ª o Sr. Prefeito
Municipal de Porto Alegre em exercício, Dr. José Fortunati. (Palmas.) Com muita
satisfação convido para participar da Mesa o representante do Senhor Ministro
do Trabalho, Dr. Luiz Carlos Mello, Delegado Regional do Trabalho, meu
particular amigo. (Palmas.) .Convido, com idêntica satisfação, o representante
do Comandante-Geral da Brigada Militar Tenente-Coronel Tadeu Luiz de Oliveira,
a quem felicito e peço que ocupe o seu lugar ao lado do Prefeito Fortunati.
Senhores e Senhoras, por
Requerimento do Ver. Artur Zanella que gerou o PLL nº 165/96, constituindo o
Processo nº 2824/96, instala-se a Sessão de hoje como uma decorrência direta
dessa circunstância, porque o Processo tramitou regularmente na Casa com a anuência
de todas as Comissões, gerou o PLL que concede o Título Honorífico de Cidadão
de Porto Alegre ao Sr. Ailton Ferreira de Albuquerque.
Convido o meu amigo pessoal,
companheiro de várias jornadas, mesmo que estejamos, às vezes, em uma
trincheira levemente oposta, o grande responsável por este ato, o meu amigo
Artur Zanella para que também sente à Mesa. Convido também, para compor a Mesa
Diretora dos Trabalhos, o Dr. Luiz Soares que, neste ato, tem a dupla representação
do Deputado Federal Jair Soares e da Assembléia Legislativa do Estado.
(Executa-se o Hino Nacional
Brasileiro.)
O SR.
PRESIDENTE: A
Presidência desta Casa recebeu algumas mensagens alusivas à data, as quais
temos o prazer de tornar públicas.
Mensagem do Ver. Nereu
D'Ávila, Líder do Partido Democrático Trabalhista: “Impossibilitado de
comparecer à cerimônia de entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre ao
babalorixá Ailton Albuquerque, por necessidade de viagem na atividade
parlamentar, parabenizo o nosso homenageado pela merecida distinção concedida
pelos porto-alegrenses, através dos seus representantes, ao ilustre cidadão que
no seu trabalho demonstra o amor à terra que adotou. Parabéns cidadão Ailton
Albuquerque. Um abraço. Ver. Nereu D'Ávila”.
Mensagem da Secretaria de
Minas e Energia, enviada pelo Secretário Assis de Souza: “Prezado Senhor,
parabéns pela distinção do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre. É uma
homenagem justa para quem tanto lutou, e fez por esta Cidade. Um abraço e votos
de sucesso”.
Mensagem do Presidente da
FIERGS e do Centro das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul: “Prezado
Senhor, receba, em nome da FIERGS e em meu nome próprio, congratulações pelo
recebimento do Título de Cidadão de Porto Alegre. Dagoberto Lima Godoy”.
O Ver. Clovis Ilgenfritz,
Presidente desta Casa, também recebeu o seguinte telegrama: “Agradeço honroso
convite e na impossibilidade de comparecer, por motivo de luto familiar, envio
minhas congratulações ao digníssimo homenageado Ailton Albuquerque”. Assina:
Mãe Mariazinha de Xangô.
Dirigido a Ailton Ferreira
de Albuquerque: “Sentindo não estar presente, enviamos carinhosos abraços.
Alaor e Clea”.
Além dessas manifestações
por escrito, a Câmara de Vereadores registrou hoje inúmeros telefonemas, de
várias personalidades que nos solicitam que transmitamos ao Ailton as mais
sinceras homenagens. Por isso, eu gostaria de, antes de transferir a palavra ao
nosso particular amigo e grande responsável por esta homenagem, o Ver. Artur
Zanella, fazer o registro de várias pessoas presentes nesta noite aqui na Casa,
cujo registro se impõe, dadas as vinculações que têm com o nosso homenageado. O
que faço com muita satisfação, pedindo que todos se considerem como extensão
desta Mesa Diretora dos trabalhos. Em primeiro plano, como não poderia ser
diferente, cito a presença do Ailton Júnior, filho do homenageado; a Cristiane
de Albuquerque, filha do homenageado; Sr. Artur Albuquerque, Presidente da
Sociedade Reino de Oxalá; Sr. Marçal Fortes Neto, representando o Templo de
Umbanda Nagô Reino dos Orixás e Fundação Mohab Caldas de Umbanda e Africanismo;
Pai Luís de Oxalá, Delegado Afro-Brasileiro de São Paulo; Pai Mário Araújo da
Silveira, da Sociedade Africana Nossa Senhora das Dores, e inúmeros outros
representantes do culto afro-brasileiro que acorreram nesta noite em que a Casa
do Povo de Porto Alegre, no seu salão de honra, no seu Salão Solene, recebe
este público tão seleto, o que gratifica a todos nós, a mim em especial, como
Presidente dos trabalhos, e sobretudo o nosso homenageado, o novo Cidadão de
Porto Alegre, Ailton de Albuquerque.
Sou informado pelo Ailton
que nós temos representações do Uruguai e da Argentina, o que nos gratifica
mais ainda, porque transformamos a nossa Sessão Solene numa festa de integração
do Mercosul. “A todos los hermanos argentinos y uruguayos,
y a las hermanas, también, nuestros cumplimentos”. Fui salvo pelo portunhol de
Quaraí. Quaraí sempre se faz representar nesses atos, o meu conterrâneo Artur
Zanella, por designação dos componentes desta Casa será o orador oficial na
saudação ao Ailton de Albuquerque.
Registro a presença das
irmãs do homenageado, Ieda, Ana e Berenice, todas minhas fraternais amigas.
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Artur Zanella está com a palavra.
O SR. ARTUR
ZANELLA:
Ver. Reginaldo Pujol, no exercício da Presidência, Senhoras e Senhores. (Saúda
os integrantes da Mesa.) Eu quero que todos os Senhores e Senhoras sintam-se
saudados nesta noite, principalmente aqueles que não são daqui, do Brasil, que
são do Uruguai e da Argentina. Isto aqui, efetivamente, é uma união de povos.
Minha mãe era argentina, minha avó era do Uruguai. Na verdade, nós já éramos um
Mercosul caseiro lá na fronteira do Rio Grande do Sul.
Mas hoje, meus Senhores e
minhas Senhoras, para quem andou na cidade eu diria que foi um dia atribulado,
um dia rico, um dia importante. Temos movimentos sociais na Cidade: dos
professores, dos sem terra. Eu trabalho na Assembléia Legislativa, com o Dep.
Vieira da Cunha. Os Deputados, regressando de Santo Ângelo, colocavam em dia as
suas matérias. O povo estava lá, pedindo coisas, reclamando. Então, o trânsito
está horrível por uma série de fatores e nós chegamos aqui tensos, talvez
cansados, mas extremamente satisfeitos.
Este é um momento de paz, um
momento de tranqüilidade, porque eu venho nesta noite, saudar uma pessoa que
não foi indicada só por mim para receber o Título de Cidadão de Porto Alegre.
Eu fiz diversas consultas e diversos nomes foram apresentados. Eu queria que
meu último Projeto nesta Casa fosse uma homenagem à população, ao povo sofrido
e, efetivamente, o meu último Projeto aprovado nesta Casa foi para a concessão
do Título de Cidadão de Porto Alegre ao Pai Ailton de Oxum. Para aqueles que
não sabem, um Vereador tem o direito de apresentar um projeto homenageando
alguém com o Título de Cidadão de Porto Alegre, por ano. Aquele que tem quatro
anos de mandato, tem quatro pessoas para homenagear. Numa Cidade com quase um
milhão e meio de habitantes, numa região metropolitana com três milhões de
habitantes, temos que achar quatro pessoas para homenagear e homenageamos não o
mais rico ou poderoso, mas aquele que, no momento, nos parece o mais adequado
para significar um trabalho que nós fazemos com a população, principalmente a
mais pobre e carente de Porto Alegre. É por isso que foi apresentado o Projeto.
Tive o cuidado, na oportunidade, de pegar a assinatura de todos os Vereadores.
Trinta e três Vereadores assinaram o Requerimento e no dia da votação estavam
presentes 26 Vereadores, e o Pai Ailton obteve 26 votos, foi a maioria
esmagadora desta Casa. Esta Casa não é uma casa comum, não é uma Câmara
Municipal comum no País e no Estado. Esta Câmara Municipal tem toda a
legitimidade do mundo para assim proceder, esta Câmara tem mais de 220 anos de
funcionamento. Eu costumava dizer, quando aqui falava - desde dezembro não faço
um discurso nesta Casa -, que a Revolução Francesa estava em gestação,
falava-se na independência americana, o Brasil ainda não tinha Tiradentes, nem
se falava em Independência do Brasil, Porto Alegre não tinha Prefeito, Deputado
Fortunati, mas tinha a Câmara de Vereadores, era em Viamão, e depois veio para
Porto Alegre. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre é mais antiga que a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, era ela que administrava e, nesses mais
de 200 anos, sempre pautou o seu comportamento, como Casa Legislativa, dentro dos parâmetros da honra,
da rigidez moral, com problemas, com brigas, mas sempre procurando destacar
atos e pessoas que, de uma forma ou de outra, merecessem a homenagem da Cidade
de Porto Alegre.
Nós temos, no Brasil, um
sincretismo religioso muito grande. Temos diversas manifestações religiosas.
Temos no Brasil essa manifestação religiosa que veio da África. Meus avós, por
parte de pai, eram italianos e vieram para cá em busca de um novo mundo, de um
ideal, de um sonho, quem sabe, mas vieram de livre e espontânea vontade - hoje
ainda, na Itália, existe o nome do navio em que eles vieram -, enquanto que a
religião de origem africana veio para cá nas piores condições sociais, nas
piores condições que um povo pode ter. E essa religião é que manteve, entre
outras coisas, mas principalmente ela, essa unidade. É uma religião de origem
africana, mas é uma religião seguida, cultuada por todas as raças, por todas as
etnias e por pessoas de todas as origens. E é essa religião que hoje, junto com
o Ailton, estamos homenageando.
As pessoas pensam que quando
ganham um título de Cidadão de Porto Alegre isso representa a sua
aposentadoria, mas não é isso. Aí é que eles têm que ajudar mais a sociedade,
aí é que eles têm que se integrar a uma entidade que temos aqui, na Câmara
Municipal, de cidadãos eméritos desta Cidade.
Por isso, Srs. Vereadores,
Sr. Presidente Reginaldo Pujol, Senhor Vice-Prefeito e demais autoridades,
estou feliz, tranqüilo, porque fiz o que acho que deveria ter feito no ano
passado, que é transformar o Pai Ailton em Cidadão de Porto Alegre. Até,
quebrando o protocolo, eu diria que, nesta noite, nesta hora, para quem gosta
das beiras do Beira-Rio, não é uma noite tão tranqüila assim. Mas aqui, antes
das 21h30min, é uma noite tranqüila. E nós esperamos que os nossos deuses,
nossos sacerdotes, que nossos babalorixás nos tragam a felicidade, inclusive,
nesta noite, lá nas bandas do Beira-Rio.
Quero dizer ao Pai Ailton
que, se antes ele tinha um amigo, agora tem um irmão. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Nossos
cumprimentos ao ex-Vereador Artur Zanella pelo seu pronunciamento. Queremos
anunciar a presença da Vera. Anamaria Negroni, que estava representando a
Câmara de Vereadores em outro acontecimento, e que, num esforço grande, pôde
estar conosco a tempo de assistir à entrega do Título de Cidadão de Porto
Alegre ao nosso homenageado Ailton Albuquerque.
A Federação Brasileira de Umbanda
e Candomblé, através do Pai Paiva, nos remete o seguinte ofício: "MD.
Presidente Órgão Superior Estadual dos Cultos Afro-Brasileiros e Exubandeiros
do RS. Assunto: Agradecimento pelo honroso convite. Receba meus parabéns pela
merecida Comenda do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre.
Participo a V.Sª. que a data
não propicia, para um Sacerdote Zelador de Orixás, receber o Título de Príncipe
do Candomblé no Brasil.
Não se pode misturar festa
"PROFANA" com festa política, ou seja, festa em ambiente que não seja
sagrado. Exemplo: o seu Templo Espírita é que é o lugar sagrado para você ser
coroado como Príncipe do Candomblé no Brasil, ou seja, a segunda AUTORIDADE,
dentro dos Cultos Afro-Brasileiros.
Para sua coroação é preciso
que você faça um toque ritualístico em homenagem ao seu Orixá, como também sua
pessoa que, merecidamente, é um grande baluarte, merecedor de todas as honras.
Esta data terá que ter a
presença de vários babalorixás, Ialorixás, Hemoichans, Ojés, Alabás, Babalaôs e
outros grandes Sacerdotes, tanto da Umbanda como do Candomblé, além das
AUTORIDADES constituídas para o total reconhecimento público e jurídico.
O amigo poderá marcar uma
data para esse ato, ou seja, sua Coroação como Príncipe do Candomblé no Brasil,
em seu ILÊ, entre os meses de agosto a novembro de 1997, ou mesmo no mês de
julho, isto é, caso o amigo tenha tempo para os convites e, principalmente, a
programação de toda festa. Atenciosamente, OLULUÔ PAI PAIVA".
Sinto-me muito satisfeito
que as circunstâncias me tenham colocado na Presidência dos trabalhos neste dia
tão especial para nós, integrantes da Casa do Povo de Porto Alegre, e, mais
especialmente, para aqueles que, como eu, tiveram a ventura de, ao longo da sua
existência, terem, em circunstâncias das mais diversas, convivido com Ailton
Ferreira de Albuquerque, sempre podendo constatar seu espírito de homem de
religião, a sua qualidade de ser solidário e, sobretudo, essa grande figura
humana que encarna o nosso distinto homenageado de hoje. O grande público que aqui
comparece certamente nada mais é do que a representação objetiva do acerto da
homenagem que, proposta pelo Sr. Artur Zanella, foi acolhida por este
Legislativo de forma unânime, em tempo absolutamente recorde, numa
circunstância bastante incomum nesta Casa, tradicionalmente caracterizada pelo
debate político, em face de sua circunstância de ser plural e, como
conseqüência, própria para os debates, as dissensões e as discussões.
Certamente que aquele menos avisado poderá entender que a concessão desse Título
seja algo um tanto dadivoso por parte dos Vereadores da Cidade. Em verdade, não
o é. O Ver. Artur Zanella, a Vera. Anamaria Negroni e aqueles que são afeitos
ao dia a dia deste Legislativo sabem que, por imposição legal, esta Casa não
pode, durante o ano legislativo, entregar mais de um Título de Cidadão de Porto
Alegre, para cada um dos representantes. Essa é uma imposição legal,
regimental.
O Dr. Artur Zanella foi
feliz, extremamente feliz, quando optou por escolher o nome de Ailton Ferreira
de Albuquerque, o que ensejou que, imediatamente depois, todas as Lideranças da
Casa e todos os Vereadores com assento neste Legislativo viessem a apoiar a
inspirada iniciativa. Por isso Ailton,
eu, que me vanglorio de tê-lo entre os meus amigos, que várias vezes freqüentei
a tua casa, que encontrei o teu coração aberto e a tua compreensão até mesmo em
alguns momentos que a vida nos colocou em posição que poderia nos propiciar
algum tipo de antagonismo, sempre encontrei em ti essa compreensão e essa
solidariedade que caracterizam a condição de pessoa iluminada que és, pela
graça de teus orixás. Eu sou feliz em participar deste evento e mais ainda
porque agora iremos, definitivamente, oficializar a tua cidadania de Porto
Alegre, convidando o Prefeito da Cidade para entregar o Certificado da
Cidadania Porto-Alegrense a Ailton Ferreira de Albuquerque e, também, o Ver.
Artur Zanella para fazer a entrega da medalha correspondente a este
acontecimento.
(É feita a entrega do
certificado e da medalha.)
O SR. PRESIDENTE: Agradecemos a todos aqueles
que entoaram cânticos religiosos para homenagear o Sr. Ailton Ferreira de
Albuquerque, mas o Regimento desta Casa tem algumas regras que nós,
prazerosamente, iremos dar cumprimento nesta hora. Após ter recebido a Medalha
correspondente à sua condição de Cidadão de Porto Alegre e também o Diploma
alusivo a essa cidadania, incumbe ao homenageado usar da tribuna para fazer seu
pronunciamento, agora como Cidadão de Porto Alegre.
Passo a palavra, com muita
honra, ao nosso homenageado, Ailton Ferreira de Albuquerque.
O SR. AILTON
FERREIRA DE ALBUQUERQUE: (Saúda os componentes da Mesa.) Cumprimento também a todos os
Babalorixás e Ialorixás brasileiros e argentinos que aqui estão. Lembro, nesta
noite, todos os nossos ancestrais que, de uma maneira ou de outra, nos
ensinaram o caminho desta religião. Não poderia, porque talvez eu até nem tenha
tanta força hoje, nomear todos os que estão aqui, de uma maneira ou de outra: o
meu irmão lá de Pelotas, o Pai Mário da Oxum, Pai Marçal, Pai Cleom, a Mãe
Líbia de Guaíba, Pai Áureo, as pessoas que vieram de outros lugares aqui me dar
um abraço. Mas eu queria nesta noite prestar uma homenagem a minha família, as
minhas irmãs, aos meus filhos, a minha filha. Queria prestar uma homenagem
muito gratificante a uma pessoa - todos os que estão aqui sempre me ajudaram;
mas queria lembrar uma pessoa que, no dia 1º de abril de 1959, me deu um
emprego como Mensageiro no Instituto dos Bancários -, esse senhor está aqui e
faz parte da minha família, chama-se Carlos Farias. Eu entrei lá como
mensageiro temporário, fiquei 38 anos e saí como Secretário Regional da
Administração do INPS. Esse INPS que sempre o que eu pude fazer por todos os
meus irmãos, vou continuar fazendo. Quero homenagear também uma grande amiga
minha, a mãe dela foi uma mãe que eu também não tive, é a Dr.ª Maria Emília que
está aqui presente. A todos vocês, que de uma maneira ou de outra me deram a
oportunidade de ser o Ailton: ao Dr. Roberto Alvim, Dr. Wilson e tantas outras
pessoas que estão aqui, a Mãe Neusa, o Pai Cleom, Dona Maria, meu irmão Borel,
os irmãos que vieram de tão longe e aqueles que não puderam chegar, que hoje
tenham uma grande partida de Porto Alegre. Eu gostaria de ler algumas palavras
a todos, lembrando também, o meu querido irmão e amigo, Mohab Caldas que, lá
das arquibancadas do céu, estará aplaudindo este momento tão lindo para a
Religião. Estamos alcançando, hoje, uma posição de respeito há muito tempo
merecedora, não propriamente pela pessoa, mas por todos os que representam esse
segmento universal que trata do bem-estar do ser humano: a Religião. Somos
merecedores, sim, desta justa homenagem pelo trabalho até aqui desenvolvido,
mas nada seria possível não fosse a boa vontade de todos aqueles que fazem
parte do nosso dia a dia, tanto profissional como pessoal. Isso, às vezes, se
confunde, mas o que nos faz trabalhar mais é saber que o nosso lado
profissional faz parte efetiva do nosso mundo pessoal, de amigos, de nossos
companheiros, de nossos colegas, de familiares. Enfim, de todos aqueles a quem
possamos fazer o bem.
A parte espiritual sai
vitoriosa quando é conhecida pelo que representa; não pelo que poderia fazer,
mas pelo que fez e está fazendo. Estamos na presença de pessoas ilustres. Todos
aqui presentes fazem parte desta homenagem, pois precisamos que façam parte,
junto de nós, daquilo que recebemos de bom. É o mundo religioso - repito - que
faz esta homenagem ser mais importante.
Agradeço sensibilizado e com
muito orgulho por estar nesta Casa, nesta posição de destaque. Podem ter a
certeza de que esta data nunca sairá da minha lembrança e da de todos aqueles
que participaram, direta ou indiretamente, deste evento.
Deixei para o final um
agradecimento a uma pessoa muito especial desta Casa, que mostrou trabalho e
sensibilidade, a ponto de apresentar, como não-praticante dos cultos afros,
para, de forma ímpar, homenagear a todos que são, praticamente, adeptos da nossa
religião. Assim, me refiro ao sempre Ver. Artur Zanella, que escolheu a mim,
Ailton da Oxum, para receber esta distinção máxima de Porto Alegre, apesar de
ser um filho adotivo desta terra, como se aqui tivesse nascido. Por tudo estou
muito feliz! Ver. Artur Zanella, por enquanto digo, como representante dos
cultos afros, muito obrigado, muito obrigado, muito obrigado mesmo; ao Jornal
Jocab; à Dilce e ao Paulão, que em 1995 me deram a honra de colocar no
currículo da minha vida, no Jocab, uma fotografia e esse Jornal rodou e aqui
está, hoje, concretizado num trabalho de um jornal dos cultos afro-brasileiros,
que é do cidadão de Porto Alegre.
Por isso eu queria chamar e
entregar ao Ver. Artur Zanella, alguma coisa que demonstre o meu muito
obrigado; e aos representantes do Jornal, à Dilce e ao Paulo, também gostaria
de fazer a minha homenagem. Não irei me prolongar mais, porque hoje, após o término
dos trabalhos, nós estaremos oferecendo um coquetel aos amigos e amanhã a nossa
casa estará fazendo uma grande curimba, pedindo a todos os orixás para que
derramem sobre esta Casa, sobre esses grandes batalhadores, que são os
Vereadores, muito Axé, muita paz, muita força. Que Xangô possa iluminar a
todos, iluminar esta Casa, dar muita proteção, muita firmeza a cada um dos
senhores, que trabalha no dia a dia, lutando para conseguir alguma coisa melhor
para o nosso povo tão sofrido. Que possam ser abençoados com muita força, com
muita paz, em nome de todos os nossos Orixás. Um abraço, um beijo a todos os
meus amigos, a meus irmãos de religião que estão aqui presentes, a minha
família, o meu muito obrigado. E tenham a certeza de que o Ailton da Oxum vai
sair muito gratificado porque é a religião que está sendo homenageada, eu fui
um dos escolhidos. Mas eu vou continuar sendo o mesmo Ailton, simples, humilde,
religioso, carnavalesco, o mesmo Ailton de sempre. Tenham a certeza de que esta
distinção não é minha, ela é da religião. É pela religião, é pelos cultos afros
e pela nossa querida Umbanda. Muito obrigado, o meu agô. Peço a bênção de todos
os que estão aqui, que os orixás de vocês me abençoem para que eu possa continuar
sendo o mesmo amigo, o mesmo irmão, o mesmo umbandista, o mesmo ser humano que
nas horas de alegria e de tristeza estará sempre com os irmãos. E, hoje aqui,
eu assumo mais um compromisso: o de trabalhar mais ainda pelo povo de Porto
Alegre, nesta Cidade em que resido desde 1960. Tudo aquilo que fiz até o dia de
hoje foi pouco, agora virá uma grande etapa, como disse o meu amigo Ver. Artur
Zanella, eu sou um cidadão desta Casa, desta Cidade e tenho trabalhado para
esta Cidade. Mas não é só para esta Cidade, eu hei de trabalhar para o Rio
Grande do Sul. Em todos os lugares que eu for levarei a bandeira do Rio Grande
do Sul com muita honra. Recentemente eu estive em Roma, abrimos uma Casa,
levamos a bandeira do Rio Grande do Sul, porque eu represento e levo, como
tantos sacerdotes que estão aqui, para o exterior, o nosso ensinamento do Rio
Grande do Sul, que é o nosso batuque, que é a nossa querida Umbanda, de amor,
de verdade, de paz e de tranqüilidade. Aos meus colegas da Previdência Social
que aqui estão o meu muito obrigado.
Eu não tenho mais palavras
para agradecer a todos que aqui vieram, meus irmãos do Uruguai, da Argentina,
que deixaram suas casas e vieram aqui para me dar esse abraço. Que os orixás
protejam esse nosso Mercosul. É como disse o Vereador: “já não existe mais
barreira”. À princesa Serafina, à antropóloga Maria Helena, e a todos vocês um
grande abraço. Eu quero fazer a entrega de um presente ao Ver. Artur Zanella.
(Faz-se e entrega do presente.)
O SR.
PRESIDENTE: Eu
aproveito e solicito à Cristiane, filha do homenageado, que venha à Mesa, aqui
conosco, porque ela também quer materializar, em nome da família, essa nossa
homenagem, entregando um brasão de ouro da Cidade ao novo Cidadão de Porto
Alegre.
Senhoras e Senhores, esta
nossa solenidade teve vários momentos em que seu ritmo regimental foi quebrado
em função daquela qualidade maior que o brasileiro possui, que é condição de
improvisador nato, diante de circunstâncias que lhe tocam a alma e que dizem
respeito ao coração. É uma das solenidades mais ricas, mais belas, mais
fecundas que esta Casa já realizou, até porque sendo a Casa do Povo de Porto
Alegre, a ressonância da voz popular, hoje com as significativas presenças que
aqui se registram, estamos plenamente representando a iniciativa popular que se
integra com a decisão dos legisladores, que entenderam, por bem, dar essa
honraria ao Ailton da Oxum lhe outorgando a Cidadania de Porto Alegre. Aliás, o
Ver. Artur Zanella quando propunha o Projeto de Lei, estabelecia na sua
exposição os motivos, além da identificação do local do nascimento do nosso
homenageado Ailton Ferreira de Albuquerque, a cidade de Pelotas e a sua
filiação: Ermínio Leal de Albuquerque e Maria de Lurdes Ferreira de
Albuquerque. Ele fazia algumas considerações que são oportunas de ser renovadas
quando nós nos encaminhamos para o encerramento dos trabalhos. Iniciado na
religião com apenas dez anos, mais tarde haveria de se transformar num grande
difusor de conhecimento na área da parapsicologia e das relações humanas. A par
do labor que desenvolvia como previdenciário, atuando no IAPB, depois no INPS
e, ultimamente, no INSS, a par disso, o Ailton da Oxum, que conhecemos aqui em
Porto Alegre, adotou a nossa Cidade, como a maioria de nós fizemos, como a sua cidade do coração e a ela se
dedicou com tamanho amor, que se impôs ao respeito, à consideração de
representante legítimo do povo de Porto Alegre. Por isso, o trabalho gigantesco
que fez em prol da religião, estendendo a religião à Argentina, ao Uruguai, ao
Paraguai, à Espanha, à Itália. Eu tive um dia de gratificação pessoal ao
conduzir os trabalhos dessa Sessão Solene da Câmara, trabalhos que - acentuei
com muita freqüência - quebraram a monotonia dos protocolos, o formalismo que
caracteriza os protocolos para que se espargisse na Casa tudo de positivo que
representa esta homenagem e simboliza mais ainda, o sentido da homenagem, não
estamos só homenageando essa figura um pouco baixa, um pouco obesa, mas,
sobretudo esse grande coração, essa grande alma, esse espírito de amor é o
nosso homenageado. (Palmas.) Com essas palavras e lembrando do Vinícius que
está aqui conosco, e de tantas outras pessoas vinculadas à religião do Ailton,
concito a todos para que, num momento muito especial, elevemos o nosso espírito
e nos irmanemos num sentimento positivo, alicerçado num exemplo de amor,
solidariedade e compreensão do Ailton, e convido a todos para que, encerrando
esse nosso trabalho, essa grande Sessão Solene, nós em pé ouçamos o Hino
Rio-Grandense.
(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)
O SR.
PRESIDENTE: Agradecemos
ao Exmo. Sr. Prefeito Municipal José Fortunati que, apesar da multiplicidade de
compromissos que envolve o seu cargo, teve a sensibilidade, a delicadeza de
estar conosco prestigiando essa homenagem. Muito obrigado ao Sr. Prefeito, ao
ilustre colega do Ministério do Trabalho, aos colegas Vereadores, e a todos os
Senhores pela presença, fator de êxito e brilho desta Sessão.
Os trabalhos estão
encerrados.
(Encerra-se a Sessão às
20h22min.)
* * * * *